quinta-feira, 15 de abril de 2010

Série: Emoções > A árvore generosa


A árvore generosa
Do original de Shel Silverstein

Adaptado por Fernando Sabino


Era uma vez uma Árvore que amava um menino.


E todos os dias, o menino vinha
e juntava suas folhas.
E com elas fazia coroas de rei.
E com a Árvore, brincava de rei da floresta.

Subia em seu grosso tronco, balançava-se em seus galhos!


Comia seus frutos.
E quando ficava cansado,
o menino repousava à sua sombra fresquinha.


O menino amava a Árvore profundamente.
E a Árvore era feliz!


Mas o tempo passou e o menino cresceu!
Um dia, o menino veio e a Árvore disse:
"Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se nos meus galhos, repousar à minha sombra
e ser feliz!"

"Estou grande demais para pra brincar",
o menino respondeu. "Quero comprar muitas coisas.
Você tem algum dinheiro que possa me oferecer?"

"Sinto muito", disse a Árvore,
"eu não tenho dinheiro. Mas leve os frutos, Menino.
Vá vendê-los na cidade, então terá o dinheiro e você será feliz!"


E assim o menino subiu pelo tronco,
colheu os frutos e levou-os embora.
E a Árvore ficou feliz!



Mas o menino sumiu por muito tempo...
E a Árvore ficou tristonha outra vez.

Um dia, o menino veio e a Árvore estremeceu tamanha a sua alegria, e disse: "Venha, Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se nos meus galhos e ser feliz."

"Estou muito ocupado pra subir em Árvores", disse o menino. "Eu quero uma esposa, eu quero ter filhos, pra isso é preciso que eu tenha uma casa. Você tem uma casa pra me oferecer?"

"Eu não tenho casa", a Árvore disse. "Mas corte meus galhos, faça a sua casa e seja feliz."



O menino depressa cortou os galhos da Árvore e levou-os embora pra fazer uma casa.
E a Árvore ficou feliz!




O menino ficou longe por um longo, longo tempo,
e no dia que voltou, a Árvore ficou alegre, de uma alegria tamanha que mal podia falar.
"Venha, venha, meu Menino", sussurrou,
"venha brincar!"

"Estou velho para brincar", disse o menino,
"e estou também muito triste."
"Eu quero um barco ligeiro
que me leve pra bem longe.
Você tem algum barquinho que possa me oferecer?"

"Corte meu tronco e faça seu barco",
a Árvore disse. "Viaje pra longe e seja feliz!"




O menino cortou o tronco, fez um barco e viajou.

E a Árvore ficou feliz, mas não muito!




Muito tempo depois, o menino voltou.

"Desculpe, Menino", a Árvore disse, "não tenho mais nada pra te oferecer. Os frutos já se foram."

"Meus dentes são fracos demais pra frutos",
falou o menino.

"Já se foram os galhos para você balançar",
a Árvore disse.

"Já não tenho idade pra me balançar",
falou o menino.

"Não tenho mais tronco pra você subir",
a Árvore disse.

"Estou muito cansado e já não sei subir",
falou o menino.

"Eu bem que gostaria de ter qualquer coisa pra lhe oferecer", suspirou a Árvore. "Mas nada me resta e eu sou apenas um toco sem graça. Desculpe ... "



"Já não quero muita coisa", disse o menino,
"só um lugar sossegado onde possa me sentar, pois estou muito cansado."

"Pois bem", respondeu a Árvore, enchendo-se de alegria. "Eu sou apenas um toco, mas um toco é muito útil pra sentar e descansar.
Venha, Menino, depressa,
sente-se em mim e descanse."

Foi o que o menino fez.

E a Árvore ficou feliz!


A amizade é um sentimento que se leva para sempre....


(Cortesia da querida amiga poetisa Ana Maria Peralva Cordeiro, via e-mail)

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